sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Porque me candidato - Conceição Diniz

Sou magistrada do Ministério Publico, de corpo e alma, diria.
Sempre empenhada em dar o melhor de mim em prol desta «causa» que todos decidimos assumir.
Embora sempre atenta a tudo o que respeita à nossa magistratura, confesso que nunca me seduziram outras funções que não o despacho diário dos processos, que me esforço por tratar com o brio, a sensibilidade e o senso exigíveis a quem exerce funções de Procuradora da República no Tribunal de Família Menores.
Nesta perspectiva terei muito de comum com a maioria dos colegas que, tal como eu, preocupados com a gestão processual quotidiana, tendemos a negligenciar muito daquilo que nos rodeia, mesmo o que mais intrinsecamente tem a ver com a instituição, com os seus problemas, com controvérsias de fundo que se geram em seu redor.
Os tempos que correm são, contudo, de tal maneira marcantes que ninguém lhes fica indiferente.  Os riscos de descaracterização das funções constitucionais e legais do Ministério Público, os desvios relativamente à ideia e aos objectivos que me seduziram e levaram a abraçar sem reservas esta magistratura, tal como a concebo, despertaram-me para a necessidade de intervir, de combater para evitar que o risco de desmotivação e descrença se apodere de mim.     
Este convite, que não esperava e me surpreendeu, constituiu um desafio e uma honra.
Um desafio a mim própria, à minha capacidade de reacção ao conformismo, à resignação.
O repto de juntar a minha energia à força dos colegas que se negam a aceitar, resignados, o destino que nos pretendem impor e o modelo com que querem configurar-nos. 
Também uma honra. Revejo-me neste projecto e neste grupo de colegas.
A resposta só podia, por isso, ser afirmativa. 
Pelo Ministério Público!

Conceição Diniz

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